Abstract Thisstudy aims to understand the exile of Miguel Arraes, who was the governor of Pernambuco State during the 1964 civil--military coup d’état. In the aftermath of the coup, Arraes was arrested and left Brazil in mid-1965, seeking refuge in Algeria, which was known as the “Revolution Mecca” at that time. He remained in exile there until 1979. Meanwhile, he gathered a group of political supporters, which were mainly linked to his deposed government. Together, they developed strategies to resist the dictatorship in Brazil, such as coordinating opposition fronts, publishing complaints of international scope, and participating in the Bertrand Russell II Court. Despite being in exile, he remained under the surveillance of the dictatorial regime, particularly through the actions of the Brazilian embassy in Algiers. In order to do so, we examine memoirs of exile, whistleblowing bulletins published abroad, documents produced by the dictatorial government’s information agencies, as well as diplomatic correspondence exchanged between the Brazilian embassy and the Ministry of Foreign Affairs. Thus, we seek to understand how exile, although a strategy deployed to cast out those who were considered enemies, eventually became an opportunity for new strategies of resistance and insurgency to take hold.
Resumo O artigo objetiva compreender o exílio de Miguel Arraes, governador de Pernambuco no momento do golpe civil-militar de 1964. Imediatamente foi preso e, em meados de 1965, conseguiu partir para a Argélia, então conhecida como “Meca da Revolução”. Lá ficou exilado até o retorno, em 1979. Aos poucos, foi aglutinando em torno de si um pequeno grupo de apoiadores, sobretudo vinculados ao seu governo deposto, assim como passou a atuar junto ao governo argelino. Durante o exílio, Arraes agiu, conjuntamente com outros militantes, para a elaboração de estratégias de resistência à ditadura, articulando frentes de oposição, publicando denúncias de alcance internacional, participando do Tribunal Bertrand Russel II, entre outros. Mesmo exilado, Arraes foi mantido sob vigilância da ditadura, sobretudo com a ação da embaixada brasileira. Utilizamos, para tanto, memórias acerca do exílio, boletins de denúncia, a documentação produzida pelos órgãos de informação da ditadura e a correspondência diplomática trocada entre a embaixada brasileira em Argel e o Itamaraty. Buscamos compreender como o exílio, além de uma estratégia utilizada para fazer com que saíssem do país aqueles considerados inimigos, foi também um espaço de rearticulação política e criação de outras formas de resistência.